Em homenagem ao Dia do Tropeiro, nesta segunda-feira (28) o Senac PR promoveu o  Café com Mistura, tradição das famílias das Lapa, berço do tropeirismo. No evento, realizado no Sesc Paço da Liberdade, em Curitiba, os convidados experimentaram o legítimo café da tarde lapeano, com direito a bolo pipoca, bolo de fubá, coxinha de farofa, requeijão cremoso, sequilhos e outras iguarias.

Entre as autoridades estavam o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana; o diretor regional do Senac PR, Vitor Monastier;  o diretor regional do Sesc PR, Dimas Fonseca; o vice-presidente da Fecomércio PR, Ari Faria Bittencourt; o ex-ministro da Saúde e presidente da MBS Empreendimentos, Luiz Carlos Borges da Silveira; a presidente do Instituto Histórico e Cultural da Lapa, Maria Inês Borges da Silveira; o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Ernani Straube, além de presidentes de sindicatos filiados à Fecomércio, professores e demais representantes de instituições culturais de Curitiba e da Lapa.

A simplicidade é o que define o Café com Mistura, que além de aplacar a fome do meio da tarde, era o momento de reunião da família. Essa prática lapeana foi relatada em livro pela pesquisadora e historiadora Maria Thereza Brito de Lacerda. Esse foi o ponto de partida para a pesquisa realizada pela equipe de gastronomia do Senac, que resgatou as tradicionais receitas lapeanas e recriou várias delícias do café com mistura. O responsável pelo Restaurante-escola do Senac Curitiba, Lúcio Marcelo Chrestenzen, participou da pesquisa que levou mais de ano. “O Senac foi convidado para esse desafio de fazer esse registro histórico e reproduzir as receitas antigas, adaptando esse receituário literário para fichas técnicas utilizadas na gastronomia atual. Com isso, pudemos preparar pratos que estavam apenas no imaginário dos lapeanos e outros que estavam quase esquecidos”, reiterou .

“Os profissionais do Senac souberam dar a meu livro, o Café com Mistura, o justo valor. Primeiro, ao resgatar a memória gastronômica da Lapa, e segundo, a valorização da convivência entre familiares e amigos nessa reunião no meio da tarde, em torno do Café com Mistura, que não é um cafezinho simples, mas tem acompanhamentos”, explicou Maria Thereza.

Em seu discurso, o presidente do Sistema Fecomércio destacou a contribuição do tropeirismo para o comércio. “Os tropeiros foram os primeiros representantes comerciais do Brasil, ao transportar e comercializar diversos tipos de produtos. Em seu caminho, a cada parada, foram ajudando a construir cidades, influenciaram nos costumes e na gastronomia local”, afirmou Piana.

O Café com Mistura vem no sentindo oposto da gastronomia profissional, com suas medidas exatas e pratos complexos, e também da cozinha doméstica moderna, que busca a praticidade com refeições congeladas e lanches rápidos. Por ser uma “prática sem gramática”, as receitas eram repassadas de mãe para filha, através do caderno de receitas, uma verdadeira herança de família.

De acordo com a presidente do Instituto Cultural da Lapa, iniciativas como as do Senac valorizam e mantêm viva a história da cidade.  “Essas iniciativas contribuem para que a Lapa apareça, para mostrar todo o valor de uma história. Tenho que agradecer à Fecomércio que sempre nos dá esse apoio cultural, de valorização da cultura e do patrimônio histórico da Lapa”, disse Maria Inês.

O ex-ministro Luiz Carlos Borges da Silveira destacou a importância das novas gerações conhecerem a história do tropeirismo. “A Fecomércio tem tudo a ver com o tropeirismo, pois o começo do comércio brasileiro foi com os tropeiros. Toda a integração dos estados do Sul com o Sudeste e Minas Gerais foi feita pelos tropeiros. As novas gerações precisam saber que se levava um ano para levar as tropas e os alimentos do Rio Grande do Sul para vender em São Paulo, os sacrifícios, as dificuldades enfrentadas por esses desbravadores”, pontuou.

Lançamento programa “Aprendiz de Tropeiro”

Durante o evento Café com Mistura, foi lançado o novo roteiro turístico “Aprendiz de Tropeiro”. O percurso, com duração de cerca de quatro horas, inclui o passeio pelo pequeno caminho das tropas, paradas para se fazer o tradicional fogo de chão, almoço típico tropeiro e o Café com Mistura lapeano. Também é possível integrá-lo ao turismo da região por meio de um city tour pelo Centro Histórico da Lapa.

Texto: Karla Santin
Fotos: Ivo Lima