O encontro foi conduzido pelo médico psiquiatra Jairo Bouer

A palestra “Saúde mental na pandemia: Como anda sua cabeça?” foi abordagem escolhida pelo projeto Sesc em Rede no mês de outubro. Com ampla experiência em psiquiatria, saúde e comportamento, o médico psiquiatra Jairo Bouer foi convidado para debater sobre o tema, durante evento on-line realizado ontem (20), com transmissão ao vivo pelo canal do Sesc PR no Youtube. 

O diretor regional do Sesc PR, Emerson Sextos, fez a saudação inicial e falou sobre o objetivo do projeto e do alcance dos encontros virtuais. O último, realizado em julho deste ano, teve como tema “As possibilidades do Ensino Híbrido” e foi conduzido pelo professor, psicólogo, mestre em Educação, Marcos Meier. “O Sesc PR tem promovido encontros para discutir educação, saúde e geração de renda, por meio do projeto Sesc em Rede. Em julho realizamos o primeiro encontro e contamos com a participação de 391 municípios do estado, com o envolvimento de 27 mil educadores paranaenses”, pontuou Sextos, ressaltando que a temática do mês de novembro será geração de renda.  

A palestra 

Com passagens por veículos como MTV, TV Cultura, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Revista Época, entre outros, Bouer atualmente é colaborador do programa Encontro com Fátima Bernardes, escreve para o blog Viva Bem UOL, apresenta o programa Minuto ao Ponto no Canal Futura, entre outros veículos de comunicação. Na palestra, o psiquiatra apresentou os principais impactos da pandemia da Covid-19 na saúde mental das pessoas. 

“A saúde mental não é uma novidade pandêmica. Na psiquiatria viemos trabalhando pelo menos há uma década nessa epidemia de transtornos mentais. No Brasil está entre os três países com maior índice de depressão do mundo, de acordo com a OMS. Esse boom de transtornos emocionais tem a ver com uma série de questões no país como instabilidades econômicas, políticas e uma camada da população em extrema vulnerabilidade social, tudo isso impacta na saúde mental”, contextualizou Jairo Bouer.  

Para ele saúde mental não está atrelada apenas a transtornos mentais. “O conceito de saúde mental é muito mais amplo. É arcabouço emocional psíquico que a gente tem para lidar com o imprevisto, com o dia a dia. Não é uma novidade da pandemia, mas se dúvida tornou mais evidente e clara nesse período. A vida de todos nós virou de ponta cabeça”, frisou. 

O médico psiquiatra pontuou três questões que contribuíram para esse cenário: o isolamento social, a instabilidade econômica e social do período e a sensação de medo e luto constantes pelas incertezas do período pandêmico. “Esse viver sob ameaça aumentou o nível de stress e impactou na nossa saúde mental, mas essa combinação de fatores agravou todo o quadro”, observou.  

Para ele a flexibilização da pandemia e a constante necessidade de readaptação também são fatores que precisam ser considerados quando falamos em saúde mental nesse período. “A gente precisa aprender a lidar com essas incertezas de uma forma mais assertiva. Empatia é a alma do negócio, por isso é importante procurar ajuda quando ver que as coisas não estão legais. É importante não esperar só a luz no fim do túnel, precisamos criar pontos de luz nessa trajetória. Atravessar isso todos juntos vai ser mais fácil”, ponderou.  

O encontro foi mediado pelo analista da Divisão de Educação, Cultura e Ação Social do Sesc PR, Lucas Mendonça, e contou com tradução simultânea em libras feita por Viviane Oliveira.  

Texto: Isabela Mattiolli