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Robô Lili

Empresa paranaense desenvolve soluções para desinfecção de ambientes. Produto une design, inovação, segurança e eficiência contra vírus, bactérias e micro-organismos.

06/10/2020

Texto: Silvia Bocchese de Lima

Quando o magnata Bill Gates,
durante a conferência TED,
em 2015, enfatizou a necessidade
de um planejamento
pandêmico porque o maior risco que a
humanidade poderia correr não estava
relacionado a uma bomba atômica, mas
a um vírus, sua fala foi entendida como
um distante e exagerado apocalipse.
“Se algo pode matar mais de 10 milhões
de pessoas nas próximas décadas,
é mais provável que seja um vírus altamente
infeccioso, do que uma guerra.
Não mísseis, mas micróbios. Parte do
motivo é que investimos uma grande
quantia em dissuasão nuclear, mas
muito pouco em um sistema para
parar uma pandemia. Não estamos
prontos para a próxima epidemia”.

 Até o início de setembro deste ano,
o novo coronavírus (SARS-COV-2)
já havia infectado mais de 27,2 milhões
de pessoas em todo o mundo
e causado a morte de outras 889
mil. A pandemia de Covid-19 e as
doenças globais anteriores deixaram
ensinamentos: os patógenos
podem se mover ao redor do globo
com extrema rapidez; o quão
complexo é o desenvolvimento
de vacinas, e a importância do
constante monitoramento da
transferência de vírus de animais
para os seres humanos.

Diante de uma pandemia, sem
o acesso a uma vacina liberada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e com hábitos de higiene
e sociais completamente impactados,
pesquisadores paranaenses
resolveram agir.

DE VOLUNTÁRIOS A
EMPREENDEDORES

Foi o início da pandemia de coronavírus
e a necessidade de suprir
a carência por equipamentos de
proteção para os trabalhadores
da saúde no Brasil que motivou
um grupo de profissionais – que
já atuava há mais de duas décadas
no desenvolvimento de soluções
em tecnologia e robótica
– a desenvolver
uma ação conjunta.
“Criamos a Piá Tech
para produzir, de maneira
voluntária, unidades
de face shields
(máscaras que funcionam
como um escudo
facial e que protegem
o rosto do usuário de
possíveis respingos)
a serem entregues a
agentes de saúde e a hospitais. O
que começou para ser uma encomenda
de mil unidades se tornou
uma entrega de 60 mil peças para
mais de 100 hospitais de todo o
Brasil”, conta Daniel Delfino,
engenheiro mecânico e diretor
comercial e financeiro da empresa
paranaense Piá Tech.

Equipe de desenvolvedores da Piá Tech: Diego Stavitzki, Everton Ramires e Daniel Delfino. (Crédito Imagem: Divulgação)

A ação foi reconhecida e premiada
pela Organização das Nações
Unidas e a empresa passou a integrar
o Mapa Mundial da Reação
– uma espécie de banco mundial
de ideias e soluções para a redução
dos efeitos negativos causados
pela pandemia e que ajudem a
sociedade e a economia a superar
esses desafios.

LUZ UV-C

Desde o início do século
XX, a luz Ultravioleta
C (UV-C) é utilizada
na França para desinfecção
e para o tratamento
de água e, em
meados da década de
1950, passou a ser utilizada
em larga escala na Europa
para desinfecção de superfícies,
água e ar. A luz UV-C promove
um dano fotoquímico ao atingir
o interior de micro-organismos,
altera o material genético e causa
o efeito de desinfecção.

Delfino explica que a equipe da
Piá Tech realizou uma parceria
com o Hospital Novaclínica, de
São José dos Pinhais, e com o Laboratório
de Análises Toxicológicas
e Ambientais (Latam) para a
criação de uma solução de desinfecção
com eficácia comprovada
em laboratório. “Nossos estudos
e testes controlados obtiveram
índices de inativação superiores
a 99%, utilizando na plataforma
a luz UV-C. Baseado nestes resultados,
desenvolvemos e materializamos
uma plataforma de desinfecção,
a Robô Lili. O nome foi
uma homenagem à avó da esposa
de um dos sócios da empresa, a vó
Lili, que faleceu de Covid-19, em
maio de 2020”.

A ROBÔ

Diversas universidades ao redor do
mundo e no Brasil estão desenvolvendo
pesquisas para ampliação do
uso da luz UV-C para inativação de
vírus. A Robô Lili alia o uso da luz
UV-C a um produto e está estruturada
com um conjunto de luzes que
trabalham com potência ideal para
desativar vírus, fungos e bactérias de
ambientes. Totalmente autônoma e
operada por meio de aplicativo, a
robô detecta a presença humana e
paralisa a operação para não causar
danos à pele e aos olhos. “Nosso
grande diferencial é o design, criado
pelo arquiteto Felipe Guerra, que
faz com que tenhamos resultados
importantíssimos em mesas, bancadas
e regiões altas. Além disso, a Robô Lili não faz uso de produtos
químicos de limpeza, promove uma
desinfecção rápida. Para uma sala,
por exemplo, de 20m2 são necessários
apenas cinco minutos de exposição
à robô para uma completa
desinfecção do ambiente”, relata
Delfino.

A partir de setembro, a plataforma
da Robô Lili passará a fazer
do portfolio de soluções da LIT,
terceira maior empresa de UV do
mundo.

USOS E PRODUTOS

Inicialmente pensada para ser uma
solução segura para o ambiente
hospitalar, a Robô Lili pode ser utilizada
em diferentes setores, como
hotéis, escritórios, restaurantes,
salões de beleza, supermercados,
transportes coletivos, academias,
zonas eleitorais, escolas, cinemas.

Além da robô, a Piá Tech está colocando
no mercado outros produtos
da Linha Lili, como uma
estufa para desinfecção de objetos,
uma plataforma para desinfecção
de pisos, outra para o uso em automóveis
e a Lili Handy, portátil.

Como modelo de negócios, a empresa
trabalha com a venda direta
do produto ou com o comodato,
uma espécie de aluguel do equipamento
com contratos trimestrais,
semestrais ou anuais. Além disso,
são ofertados treinamentos, fornecidos
EPIs, manutenção e suporte.

As primeiras entregas da Robô
Lili começaram a ser feitas no fim
de agosto.

CENÁRIO MUNDIAL

Em recente coletiva de imprensa,
o chefe da Organização Mundial
da Saúde (OMS), Tedros Adhanom
Ghebreyesus, ressaltou que o
mundo não está vivendo a última
pandemia. “A história nos ensina
que surtos e pandemias são um
fato da vida. Mas quando a próxima
pandemia vier, o mundo precisa
estar pronto – mais pronto do
que estava desta vez”.

A luz UV-C apresenta-se como
uma solução não apenas para um
período pandêmico, mas proporciona
segurança microbiológica
para indistintos períodos. “Sempre
teremos mutações de vírus,
bactérias. Sempre haverá alguma
infecção, mas a luz UV-C pode reduzi-
los drasticamente”, defende
Delfino.

 

Publicado por Silvia Bocchese de Lima

06/10/2020 às 13:42

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