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O belo litoral

O litoral paranaense é pequeno, com menos de 100 quilômetros, porém guarda atrações dignas das aventuras épicas.

24/03/2020

Ernani Buchmann*

 

Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, maravilha erguida pela competência dos irmãos André e Antônio Rebouças. (Crédito imagem: Ivo Lima)

 

O litoral paranaense é
pequeno, com menos
de 100 quilômetros,
porém guarda atrações
dignas das aventuras épicas. De
automóvel, para se ir de uma ponta
a outra, passando por todos os
municípios, não são necessários
mais que 250 quilômetros.

 

Estrada da Graciosa. (Crédito Imagem: Silvia Bocchese de Lima)

 

A região
pode ser esquadrinhada em
um fim de semana ou curtido em
um mês de férias pelos veranistas.
No verão recebe quase cinco milhões
de pessoas. A ela chega-se
pela BR-277 e PR-508, a partir de
Curitiba; pela centenária Estrada
da Graciosa, um monumento do
Brasil imperial; e pelas BR-376/
SC-417 e PR-412 (Garuva-Guaratuba).
Ou, para quem prefere conhecer
um prodígio da engenharia
brasileira, pela estrada de ferro
Curitiba-Paranaguá, maravilha erguida pela competência dos irmãos
André e Antônio Rebouças e pelos braços de milhares de trabalhadores
brasileiros e imigrantes. O governo do Paraná já anunciou diversas
obras estruturantes que irão transformar o litoral paranaense. Entre
elas, a ponte Caiobá-Guaratuba, a engorda da praia Brava de Caiobá, a
nova estrada entre Praia de Leste e Pontal e o asfaltamento da rodovia
Antonina-Guaraqueçaba como estrada-parque.

Guaratuba. (Crédito Imagem: Ivo Lima)

DE ONDE PARTIR

Do sul para o norte, o nosso litoral inicia-se na foz do Rio Saí Guaçu,
entre as baías da Babitonga e de Guaratuba. Ali, com uma pequena ilha
em frente, o visitante inicia sua jornada pelas praias, cidades e pelo mar
paranaense.

A estrada, de boa conservação,
leva o turista ao ferryboat que cruza
a menor das duas baías paranaenses.
Guaratuba é uma cidade com
todos os serviços necessários e
recebe miríades de turistas entre
dezembro e o carnaval, vindo de
todos os quadrantes. É conhecida
pelas suas festas, que reúnem
milhares de jovens. A centenária
igreja de Nossa Senhora do Bom
Sucesso, tombada pelo Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional,
é a maior atração do centro da cidade.
No Carnaval, atrás do trio
elétrico da Guaratubanda só não
vai quem já morreu – mas, pela
animação, há quem diga que até
mesmo esses podem ser encontrados
ocultos nas fantasias.

Do outro lado da baía escondem-se alguns restaurantes charmosos,
especializados em ostras e frutos do
mar. Em seguida, desvenda-se a bela
praia de Caiobá, apelidada de A Divina
pelo falecido jornalista Dino
Almeida. Conurbada à cidade de
Matinhos, a qual pertence, Caiobá
concentra o maior número de edifícios
da orla paranaense, em suas
duas praias, a Brava e a Mansa.

A chamada Estrada da Praias
(PR-407) corre ao longo dos diversos
balneários de Matinhos,
até chegar à Praia de Leste, já no
município de Pontal do Paraná. Ali, a bifurcação à direita leva, 20
quilômetros à frente, a Pontal do Sul, sede do município e ponto de
embarque para a Ilha do Mel. Entre os dois pontos, quem trafega pelos
diversos balneários encontra trânsito intenso no verão.

 

A Ilha do Mel é a principal atração paranaense para os que gostam de turismo aliado à natureza. (Crédito Imagem: Patrícia Foroni)

 

UMA ILHA FEITA DE MEL

A Ilha do Mel é a principal atração paranaense para os que gostam de
turismo aliado à natureza. A beleza de suas praias, o farol, o forte de
Nossa Senhora dos Remédios, a mística dos episódios históricos (vale a
pena conhecer a saga do torpedeamento da fragata inglesa Cormoran,
no século XIX), o bucolismo das suas duas vilas, Nova Brasília e Encantadas,
tudo faz da Ilha do Mel um encanto procurado por turistas de
todo o mundo.

De volta à estrada, a PR-407 nos leva a Paranaguá, a maior cidade litorânea,
com mais de 130 mil habitantes e sede do maior porto da Região Sul.
A cidade é um dos berços da colonização paranaense, com uma série de
sítios que merecem ser visitados, como os museus de Arqueologia e Etnologia
e o do Instituto Histórico e
Geográfico, ambos em prédios históricos
e preservados. Além deles,
o mercado, o Teatro Rachel Costa
e o Aquário de Paranaguá, alegria
dos turistas infantis.

 

Aquário de Paranaguá é uma das atrações do litoral. São 23 tanques de água doce e salgada, com animais de diferentes espécies. (Crédito imagem: Bruno Tadashi)

 

Paranaguá também é o melhor
local para se conhecer a grande
baía que dá nome à cidade. Além
da Ilha do Mel, a baía reserva
surpresas como a Ilha das Peças,
onde com sorte se toma banho de
mar ao lado de golfinhos.

 

Paranaguá. (Crédito imagem: Bruno Tadashi)

 

Guaraqueçaba
e a Ilha de Superagui
podem ser alcançados por barcos
de passageiros que cruzam a baía
fazendo escala nas muitas ilhas da
região. São passeios inesquecíveis.
De Paranaguá vamos a Morretes,
terra do Barreado e de boa
cachaça, seus dois produtos mais
conhecidos. O antigo Centro da
cidade já é uma atração, que se
consuma nos restaurantes à beira
do Rio Nhundiaquara. A Igreja
Matriz vale uma visita, inclusive
para quem quiser fazer a digestão
subindo suas escadarias.

ANTONINA, JOIA DO BRASIL DE ONTEM

Quinze quilômetros adiante, chegamos a Antonina, cidade histórica,
com seu porto dos tempos do império, seus prédios seculares e, não
poderia faltar, bons restaurantes. O Teatro Municipal e a velha Estação
Ferroviária, recém restaurada, são atrações imperdíveis.

Antonina é ligada por estrada de terra a Guaraqueçaba, o último dos
municípios litorâneos do Paraná. São 90 quilômetros a serem enfrentados
de preferência em veículos 4×4, tantos os obstáculos a serem vencidos.

A estrada foi aberta como continuação da BR-101, mas jamais foi
asfaltada, nem conectada a São Paulo. As atrações pelo caminho são os
rios e suas corredeiras, os pequenos vilarejos e, aqui e ali, uma pousada
bem equipada abriga jipeiros, pilotos de motos trilheiras e os adeptos do
turismo junto à natureza.

Guaraqueçaba é um dos maiores municípios paranaenses, embora seja o
menos acessível. O pequeno Centro da cidade fica de frente para a baía,
local em que também estão o atracadouro, os hotéis e os restaurantes. A
sensação de desligamento do mundo é flagrante. É normal que alguns
barcos vindos da região de Iguape e Cananeia, em São Paulo, ancorem e
distribuam seus passageiros pelos
hotéis da orla.

Para chegar a Superagui aluga-se
um barco no atracadouro e em
40 minutos chega-se a este outro
paraíso. Pela praia o caminhante
pode seguir em direção à Ilha do
Cardoso, chegando então a São
Paulo.

UMA AVENTURA DE SC A SP

Em fevereiro de 2018, uma equipe
da Fecomércio PR (o piloto Cesar
Gonçalves, a jornalista Silvia
Bocchese de Lima, o fotógrafo Ivo
Lima e eu) percorreu o litoral do
Paraná em uma Pajero, pilotada
pelo experiente Cesar. Depois de muito rodar, chegamos ao vilarejo de
Boituva, ponto final da estrada. Dali, a partir de um quilombola, tomamos
a pé a Trilha do Telégrafo, aberta por escravos em 1840, em parte
pavimentada por pedras rústicas, e então chamada de Caminho do Imperador.
Um quilômetro à frente, chegamos à divisa com São Paulo.

A trilha possui 12 quilômetros, até a comunidade de Santa Maria, em Cananeia.
Ainda hoje a população rural de Guaraqueçaba faz o caminho
para comprar mantimentos no estado vizinho. Em meio a muito barro,
e depois de algumas quedas, voltamos para o carro e fomos nos hospedar
em Guaraqueçaba. O resultado da aventura pode ser conferido na
edição nº 122 da Revista Fecomércio PR.

 

* * * *

*Ernani Buchmann, nascido em Joinville (Baía da Babitonga, fundos), possui residência no Litoral Paranaense desde 1982, a partir de quando visitou todos os recantos da região, por terra e por mar.

 

Publicado por Silvia Bocchese de Lima

24/03/2020 às 13:10

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