06/09/2022
Os paranaenses estão cada vez mais endividados. Em agosto, o nível de endividamento foi o maior dos últimos onze anos, com 95,8% das famílias do estado comprometidas com algum tipo de dívida, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), indicador da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR).
Ter dívidas não é algo necessariamente ruim. O problema é quando ocorre a inadimplência, ou seja, o atraso no pagamento. Por isso vamos falar sobre finanças pessoais. Afinal, enquanto Federação que representa o comércio, queremos que as pessoas façam suas compras, movimentem as lojas, mas o consumo precisa ocorrer de forma planejada e saudável, com equilíbrio entre rendimentos e despesas. A ausência de educação financeira, aliada à facilidade de acesso ao crédito, tem levado muitas pessoas ao endividamento excessivo, privando-as de parte de sua renda em função do pagamento de prestações mensais que reduzem sua capacidade de consumir produtos e serviços.
Para tirar melhor proveito de seu dinheiro é muito importante saber como utilizá-lo da forma mais favorável. O aprendizado e a aplicação de conhecimentos práticos de educação financeira podem contribuir para melhorar a gestão de nossas finanças pessoais, tornando nossas vidas mais tranquilas e equilibradas sob o ponto de vista financeiro.
Nossa relação com o dinheiro
O ponto de partida é refletir sobre nossa relação com o dinheiro, fazer escolhas cada vez mais conscientes e administrar melhor e de maneira mais eficiente nossos recursos financeiros.
Para que se tenha um bom planejamento, é necessário saber aonde se quer chegar, ou seja, quais são seus sonhos, e transformá-los em realidade através de projetos. É necessário internalizar a visão de futuro e estabelecer metas claras e objetivas, as quais geralmente precisam de recursos financeiros para que sejam alcançadas ou para que ajudem a atingir objetivos maiores.
Orçamento pessoal ou familiar
A principal meta é buscar um orçamento superavitário. Ninguém fica rico gastando mais do que ganha. Para acumular capital, durante um bom tempo, é preciso poupar. Você tem que gastar menos do que recebe e assim gerar capacidade de poupança. Entretanto, não é o que tem ocorrido no país. Com o aumento do custo de vida, os brasileiros retiraram R$ 23,2 bilhões a mais do que as entradas até o dia 24 de agosto, conforme indica o Relatório Depósitos de Poupança do Banco Central.
Para uma boa gestão orçamentária, faça um planejamento do seu orçamento pessoal ou familiar, que consiste em estimar as receitas e as despesas do período; registre todas as entradas e saídas, seja em um caderno, em uma agenda, no celular ou no computador; e avalie como suas finanças se comportaram ao longo do mês, analisando onde o dinheiro foi gasto e se há necessidade de ajustes ou cortes em certos tipos de despesas.
Atingindo o superávit, ou seja, ao conseguir ter uma sobra de dinheiro o próximo passo é poupar e cultivar o hábito de fazer poupança regularmente. Aliás, a primeira coisa a fazer ao receber uma renda deve ser separar parte dela para poupança – não confundir com conta (ou caderneta) de poupança, são conceitos diferentes: a poupança é uma sobra financeira e deve ser direcionada para algum tipo de investimento para que seja remunerada; a caderneta de poupança ou conta de poupança é um tipo de investimento. A poupança deve ser vista como um compromisso com você mesmo. Por isso, antes de pagar qualquer despesa, estabeleça e separe um percentual da sua renda para a poupança.
Uso do Crédito e Administração das Dívidas
O crédito é uma forma de antecipação do consumo, utilizando recursos de terceiros (bancos, financeiras, cooperativas de crédito e outros), para a aquisição de bens ou contratação de serviços. Existem várias modalidades de crédito, como o limite do cheque especial, cartão de crédito, empréstimos, financiamentos imobiliários ou de veículos, compra a prazo em lojas comerciais etc. Entretanto, o uso do crédito pode ser vantajoso ou problemático, se não tomados os devidos cuidados, levando ao superendividamento e à inadimplência. É muito importante saber escolher a modalidade de crédito mais adequada para cada situação e sobretudo, avaliar os juros envolvidos em tais operações.
Quando o uso do crédito sair do controle e causar o endividamento excessivo, alguns dos seguintes passos podem ajudar: Tomar consciência da situação; Mapear as dívidas e informações relevantes como os valores das mesmas, os prazos para pagamento, as taxas de juros que está pagando etc; Não fazer novas dívidas; Reduzir gastos; e Renegociar.
Preparação e renda
Persistência e paciência são virtudes essenciais para quem deseja evoluir financeiramente. Ganhar dinheiro e reunir patrimônio fazem parte de uma longa caminhada. Iniciar essa jornada demanda preparo, como fazer um curso profissionalizante, entrar na faculdade ou fazer uma especialização. A curva da riqueza não costuma ser uma reta ascendente desde o começo. Normalmente começa devagar e vai tomando ritmo.
Empreender é o sonho de muitas pessoas. Escolher um negócio lucrativo pode trazer ótimos resultados para quem tem perfil inovador, é especialista em determinada área ou tem capacidade para investir. Existem segmentos mais lucrativos que outros e você precisa saber sobre as oportunidades existentes antes de escolher. Pesquisar e estudar a dinâmica do mercado que se quer adentrar é muito importante para ter algo rentável.
Poupança e investimento
Outro ponto é saber onde investir o dinheiro que você se esforçou tanto para ganhar. Enquanto poupança é a diferença entre as receitas e as despesas, investimento é a aplicação dos recursos que poupamos, com a expectativa de obtermos uma remuneração por essa aplicação.
É preciso avaliar e encontrar boas aplicações no mercado financeiro. Primeiro, para proteger o que juntou, já que a inflação dá umas mordiscadas em dinheiro parado. Depois, para multiplicar, o que demanda uma estratégia dinâmica muito bem administrada.
Há três características que influenciam os investimentos: liquidez, risco e rentabilidade. A liquidez refere-se à capacidade de um artigo ou investimento ser transformado em dinheiro, considerando o período de tempo; Risco é a probabilidade de ocorrência de perdas; e Rentabilidade é o retorno, a remuneração do investimento.
Antes de investir, reflita sobre o seu perfil de risco: conservador, moderado ou arrojado. Defina os objetivos do investimento e prazos de aplicação e assim poderá escolher as modalidades e os tipos de investimentos disponíveis no mercado e verificar o mais adequado às suas necessidades. Mesmo após escolhida a aplicação, por precaução, faça a reavaliação periódica da carteira de investimentos.
Ter uma vida financeira saudável é tão importante quanto o bem-estar físico e mental. O equilíbrio das finanças pessoais é crucial para o futuro pessoal. Desta forma, você conseguirá realizar seus objetivos, sejam eles a conquista da casa própria, a compra de um carro, fazer uma viagem ou sair de uma loja carregado de sacolas… desde que o gasto caiba no orçamento!
Texto: Karla Santin
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