O projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados, que prevê a criação do Serviço Social da Saúde – Sess e do Serviço Nacional de Aprendizagem da Saúde – Senass, representa séria ameaça aos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo de todo o país. Pelo projeto, o financiamento das atividades das novas entidades do Sistema S viria da retirada de parte das contribuições sociais pegas pelos empresários, incluindo os do comércio de bens, serviços e turismo.

A questão é que, há 70 anos, o Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná vem construindo uma rede de serviços na área de saúde para o atendimento da população em geral, além dos comerciários e seus dependentes. São unidades espalhadas por todo o estado, oferecendo educação profissional pelo Senac, e atendimentos e prevenção da saúde pelo Sesc.

“Sem a contribuição dos empresários, não teremos como manter a ampla estrutura que construímos no Paraná”, diz o presidente do Sistema Fecomércio, Darci Piana.

O dirigente argumenta com números. “Em 2015, o Senac teve, até novembro, 2.847 matrículas em cursos para profissionais na área de saúde, como enfermagem, radiologia, óptica, análises clínicas, cuidadores de idosos, balconistas de farmácia e podologia, entre outros. Nos últimos cinco anos, tivemos mais de 15 mil matrículas nesses cursos, nas nossas 35 escolas do Senac e no Ensino a Distância”, ressalta Piana.

Os dados do Sesc também são significativos. A entidade oferece 39 consultórios nas suas unidades, que atenderam este ano 114.990 pessoas. Também possui duas unidades móveis do OdontoSesc, fazendo atendimento gratuito à população dos municípios com menor IDH no estado, que fizeram 12.263 consultas odontológicas e 17.412 atendimentos sobre educação em saúde.

No Brasil os números são exponenciais. O Senac possui 399 centros de educação profissional, com 1,84 milhões de cursos gratuitos, muitos na área de saúde. O Sesc engloba 54 milhões de atendimentos em cultura e saúde, em 572 unidades físicas e 129 móveis.

A Federação do Comércio do Paraná possui 61 filiados. Em seu trabalho permanente pelo desenvolvimento do estado, os empresários do comércio souberam capilarizar sua atuação, de forma a que chegar aos 399 municípios paranaenses. Um trabalho que estará em risco, privilegiando-se, em contrapartida, a necessidade de construção de novas estruturas pelas entidades que estão em gestação. Algo impensável na atual situação econômica por que passa o país.