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Chega de depender das vendas presenciais

Segunda onda de Covid-19 e novos lockdowns evidenciam que o varejo precisa encontrar outros canais de atendimento que evitem a presença física e o deslocamento do consumidor

13/05/2021

Texto: Karla Santin

 

O varejo sofreu um grande chacoalhão com a chegada do coronavírus. O fechamento de lojas por dias a fio fez com que as empresas tivessem que se reinventar e encontrar novas formas para sobreviver. A abertura gradual do comércio, principalmente a partir do segundo semestre do ano passado, renovou o otimismo dos empresários, mas o agravamento da pandemia em 2021 e a adoção de medidas mais restritivas para o controle da crise sanitária surpreenderam novamente os lojistas.

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De acordo com Hugo Santos, professor e head de Marketing da Fortics, empresa especializada em soluções de comunicação corporativa, a dependência do varejo nas vendas e atendimentos presenciais aumenta a vulnerabilidade das empresas do setor neste momento de pandemia. “Existe a necessidade de que os empreendimentos de todos os portes tomem decisões ágeis para a manutenção dos seus negócios. A adoção de meios não presenciais de atendimento e vendas se tornaram uma exigência para o mercado e por isso a popularização de conceitos, práticas e ferramentas de atendimento on-line aconteceu de forma intensa”, sinaliza.

A estratégia de sobrevivência, adotada inicialmente por muitas empresas, adaptando seus processos de vendas para o contexto digital de maneira provisória, já não é suficiente. A digitalização do comércio veio para ficar. O consumidor experimentou novas formas de comprar. Muitos fizeram compras pela internet pela primeira vez, forçados pela necessidade, e gostaram da experiência. A McAfee concluiu, em seu Relatório de Mentalidade de Segurança do Consumidor 2021, que os consumidores planejam manter a vida digital mesmo após a pandemia. Segundo o relatório, 61% das pessoas pretendem realizar somente transações bancárias de forma on-line. Os engajamentos sociais continuarão nas vidas de 56% da população e as compras pessoais farão parte da rotina de 52%.

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Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, em webinar promovido pela Fortics em março, no auge da segunda onda de casos de Covid-19 no país, falou sobre as principais tendências de varejo e consumo no Brasil. Mais do que a adoção de novas tecnologias para os negócios, ele destacou a necessidade de mudança de concepção, para deixar a dependência excessiva das vendas físicas. “Estamos em 2021 e ainda há negócios que estão com a mentalidade de março de 2020, de que se for preciso fechar as portas não conseguem atender o cliente, e culpam o poder público que decretou o lockdown. Mas a culpa é do seu negócio, que continua não conseguindo encontrar canais digitais, apesar de tudo o que já aconteceu”, pontuou. Segundo Igreja, a pandemia foi um gatilho para muitas empresas se modernizarem, mas acreditar que assim que passar a pandemia tudo voltará ao normal é utopia.

O varejo paranaense encerrou 2020 com tendência de crescimento. A Pesquisa Conjuntural da Fecomércio PR mostra a retomada do comércio a partir do segundo semestre, porém de forma desigual entre os setores. Alguns segmentos conseguiram inclusive aumentar os ganhos durante a pandemia, tais como supermercados (9,03%), móveis, decorações e utilidades domésticas (7,25%), farmácias (2,90%) e materiais de construção (1,78%). Por outro lado, as lojas de vestuário e tecidos, calçados, livrarias e papelarias chegaram a apresentar quedas superiores a 20%.

Conforme pesquisa do Banco Itaú, o isolamento social acelerou ainda mais o consumo por meios digitais, o que levou a aumento de 19,4% no valor transacionado em compras on-line em 2020, comparado ao resultado de 2019. Ainda assim, o valor transacionado no varejo físico foi de 81,1%, ante 18,9% no digital.

“Olhando esse cenário, vemos muita digitalização e categorias que cresceram mais do que outras. O varejo está extremamente vivo, com muita coisa acontecendo. Muitos acreditando no varejo brasileiro”, ressaltou, destacando a aquisição do Big pelo Carrefour e a entrada do Magazine Luiza no ranking dos 25 maiores varejistas globais.

De fato, o varejo não será mais o mesmo. Depender menos dos canais de vendas presenciais é a estratégia durante a pandemia, e também depois que ela passar.

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TENDÊNCIAS

Tendências que devem estar no radar de todo o empresário:

  • Ominichannel: Para sair da dependência excessiva das vendas presenciais, as empresas precisam ter novos pontos de contato com os clientes. Vale fazer isso pelo WhatsApp, redes sociais ou mesmo ferramentas automatizadas.
  • Velocidade: O consumidor está em casa, mas continua ativo, e disposto a comprar. Ele quer que o varejo seja tão rápido quanto ele. Ser veloz, responder e entregar rápido é um fator de decisão para a pessoa comprar ou não de uma empresa.
  • Pick up: Crescimento mundial de 40% na modalidade de pick up, em que a pessoa compra on-line – por aplicativo ou site – e só retira o produto na loja.
  • Loja física: A pandemia tem feito muitas empresas repensarem a necessidade e o conceito de uma loja física. O processo decisório da compra já não acontece mais no próprio estabelecimento.

Publicado por Silvia Bocchese de Lima

13/05/2021 às 15:10

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