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Black Friday Digital

As reviravoltas que o varejo passou em 2020 provocaram mudanças significativas nos hábitos de compra e venda. No ambiente digital, a Black Friday deste ano promete ser a maior da história

02/10/2020

Texto: Silvia Bocchese de Lima

A pandemia de Covid-19
trouxe não apenas
transformações inimagináveis
e significativas
no cenário social e sanitário como
também no econômico, político,
cultural. Os setores do comércio de
bens, serviços e turismo, em todo o
mundo, precisaram se adaptar rapidamente
e, embora a crise seja generalizada,
alguns setores acabaram
por se beneficiar e intensificaram a
digitalização dos seus processos.

De acordo com a Associação Brasileira
de Comércio Eletrônico
(ABComm) desde o início do
isolamento foram abertas, no Brasil,
mais de 150 mil lojas virtuais,
algo em torno de mil lojas ao dia
e mais de seis milhões de brasileiros
fizeram as primeiras compras
virtuais durante o confinamento.
O crescimento registrado nas vendas
on-line globalmente, segundo
a ABComm, chegou na casa dos
70% e, em condições normais,
este número só seria possível de
ser alcançado em dez anos. Antes
da pandemia, o Brasil registrava a
abertura de cerca de 10 mil lojas
virtuais ao mês.

CONSCIÊNCIA DIGITAL

O Sebrae/PR tem desenvolvido
pesquisas desde o início do isolamento
para identificar a lógica e o
comportamento dos empresários.
Em abril deste ano, 59% dos clientes
disseram que seus negócios não
seriam viáveis no digital e restritos
ao presencial. Em maio, a mesma
pesquisa revelou que este número
caiu para 43% e, em junho, a queda
foi ainda mais acentuada, chegando
a 23%. “Essa percepção do empresário
caiu em um ritmo muito acelerado
e ele passou a perceber que
o empreendimento dele é possível
de ser executado de forma digital.
Em julho e em agosto, acredito que
teremos uma nova queda nesses indicadores”,
revela o coordenador de
Mercado e Varejo do Sebrae/PR –
Regional Leste, Lucas Hahn.

O coordenador de Mercado e Varejo do Sebrae/PR – Regional Leste, Lucas Hann
(Crédito: arquivo pessoal)

BLACK FRIDAY E SEMANA BRASIL

Tradicional nos Estados Unidos e
realizada na sexta-feira após o Dia
de Ação de Graças (última quinta-
-feira de novembro), a Black Friday
é uma estratégia de marketing adotada
pelo varejo que disponibiliza
produtos com descontos de até
70%. No Brasil, a prática começou
de maneira nebulosa, mas tem ganhado
cada vez mais adeptos por
parte dos varejistas e dos consumidores.
A Pesquisa Conjuntural realizada
pela Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do Paraná
(Fecomércio PR) mostrou que
em novembro de 2019, o varejo paranaense
havia crescido 2,65% em
relação ao mês anterior, com crescimento
das lojas de departamento
em 33,32%, muito em virtude das
vendas da Black Friday.

Pelo segundo ano consecutivo,
o governo brasileiro organiza a
Semana Brasil, de 3 a 13 de setembro,
e acredita na união de
diversos setores econômicos e
entidades para levar aos consumidores
vantagens reais de compra.
Esta ação também deve movimentar
as vendas virtuais e físicas.

Com as restrições de mobilidade,
os consumidores estão pesquisando
cada vez mais pela internet
antes de efetuar uma compra, que
também tem sido on-line. “A Black
Friday que já tem o costume de ter
uma grande movimentação on-line,
será certamente neste ano muito
maior e histórica. Não esperamos
uma Black Friday milagrosa, mas
que seja um alento para este fim
de ano e que o empresário consiga
recuperar um percentual de vendas
que deixou de ter durante o
período de pandemia”, acredita o
coordenador do Sebrae/PR.

A HORA É AGORA

Com a percepção do empresário
que o empreendimento pode
estar e é viável no digital, Hahn
destaca que a hora de se preparar
para as vendas da Black Friday é
urgente. “O empresário não pode
esperar novembro chegar para colocar
seu empreendimento no
digital e precisa trabalhar nisso
agora, para que em setembro,
outubro, esteja pronto
para que a Black Friday possa
trazer resultados para estas pequenas
empresas e empreendedores”,
pontua Hahn.

Ele salienta que o mundo vive
um momento inédito, com o
convívio de quatro gerações
conectadas de maneiras distintas:
os baby boomers – aqueles
nascidos após a 2ª Guerra
Mundial até meados da década de
1960 –, a geração X, nascidos nas
décadas de 1960 e 1970, a Y – com
nascidos no início dos anos 1980
até meados da década de 1990 –,
e a Z, com nascimento após o ano
2000. “As duas primeiras gerações
não são tão conectadas quando as
duas últimas. A geração Z já está
inserida no mercado consumidor
e se olharmos para daqui cinco
ou dez anos, eles e os Ys serão a
maioria dos consumidores. Então,
as empresas que não estiverem conectadas,
desaparecerão”, enfatiza
Hahn.

Para que a empresa esteja preparada
para as vendas on-line, Hahn
afirma que é necessário planejamento
estratégico para os próximos
anos, estar inserida nas
redes sociais, buscar um marketplace
ou criar um e-commerce
ou um site próprio. “É preciso
olhar isso com propriedade e
urgência para que a empresa
ganhe uma parte desta fatia de
mercado. Há espaço para todo
mundo, mas é preciso preparo
agora. É essencial que o empresário
tome consciência disso e
faça promoções reais para que o
cliente se mostre propenso a fazer
esta compra. Ambos ganharão”,
acredita.

EXPERIÊNCIAS DE COMPRA

Hahn cita o exemplo de uma pessoa
de 70 anos que fez a primeira
compra on-line durante a pandemia
e não encontrou dificuldades
para concretizar a compra. “Quando
este público verifica que é fácil
comprar on-line, é muito provável
que repetirá esta experiência, mesmo
estando em um cenário controlado
de Covid-19. As pessoas
que migraram para o digital não
voltarão 100% para o presencial”,
diz Hahn.

Algo imprescindível para a manutenção
dos negócios físicos é a
complementação da experiência
do digital no presencial. “A empresa
deve ser encontrada no digital,
encantar o cliente ali para que se
dirija até a loja física complementar
a experiência de compra”, explica.

As mudanças na maneira de comprar
e vender mudaram e é importante
estar aberto e preparado
para as tendências de mercado. A
Fecomércio PR, o Senac PR e o
Sebrae/PR disponibilizam cursos
e treinamentos para preparar o
empresário para a nova jornada.
Nada será como antes.

 

Publicado por Silvia Bocchese de Lima

02/10/2020 às 10:55

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