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As maravilhas do Oeste

Terra das Cataratas, atrativos turísticos incluem balneários de água doce, muito contato com a natureza e turismo rural.

30/03/2020

Karla Santin*

 

No Parque das Aves, é possível ter um enorme encontro com as araras, em um dos viveiros de imersão. (Crédito imagem: Divulgação Parque das Aves)

No extremo Oeste do Paraná
fica um dos destinos
mais procurados
por turistas do Brasil:
as Cataratas do Iguaçu. Desde
que foram descobertas por Álvar
Nuñes Cabeza de Vaca, em 1542,
as impressionantes quedas d’água
atraem gente do mundo todo.
Em 2019 foram 2,2 milhões de
visitantes. O soldado e conquistador
espanhol nomeou as cascatas
gigantes de “Saltos de Santa Maria”,
denominação pela qual eram
conhecidas até meados dos anos
1980, até mais do que o próprio
termo “Cataratas do Iguaçu”.

As Cataratas ficam dentro do Parque Nacional do Iguaçu, idealizado
pelo célebre inventor brasileiro Alberto Santos Dumont. A até então
desconhecida e inóspita Foz do Iguaçu recebeu o ilustre visitante em
1916, atraído pelos imponentes saltos. O “pai da aviação” ficou maravilhado
com o “lindo pitoresco do Iguassu” – conforme expressou em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na edição de 11 de maio de
1916 – e, ao mesmo tempo, inconformado em saber que se tratava de
uma propriedade particular – em algum momento, os administradores
da Colônia Militar de Foz do Iguaçu entregaram o território para o uruguaio
Jesus Val. Por isso, Santos Dumont empregou seu prestígio para
declarar a área como interesse público.

Como não havia estrada, percorreu 300km até Guarapuava a cavalo,
por uma trilha na mata abaixo da linha telegráfica. Continuou de carro
e trem até Curitiba, onde foi recebido pelo então presidente do Paraná,
Affonso Alves de Camargo, e o convenceu a desapropriar as terras da margem brasileira das Cataratas. Graças a essa intervenção, em 31 de julho
de 1916, houve a desapropriação dos 1.008 hectares que margeavam
as quedas e, em 1939, o governo federal transformou a área no Parque
Nacional do Iguaçu.

Belmond Hotel das Cataratas um luxuoso retiro brasileiro ao lado das Cataratas do Iguaçu. (Crédito imagem: Christian Rizzi)

Claro que hoje chegar às Cataratas
ficou muito mais fácil. O trajeto
é feito por ônibus de turismo
panorâmico, de onde é possível
apreciar a natureza e até ver os
animais selvagens que habitam na
floresta, tais como a onça pintada.
Em meio à floresta tropical fica
o Hotel das Cataratas, que começou
a ser construído pelo governo
federal em 1939 e, por causa da
II Guerra Mundial, só veio a ser
inaugurado em 1958. Administrado
pela iniciativa privada, o imponente
prédio cor de rosa pastel
oferece um mundo de luxo discreto,
com encantadora vista de uma
das Novas Sete Maravilhas da Natureza. O Belmond Hotel das Cataratas
recebeu, pelo terceiro ano
consecutivo, a classificação cinco
estrelas no Forbes Travel Guide
2020, o único sistema de avaliação
independente para hotéis, restaurantes
e spas de luxo do mundo. O
hotel, em Foz do Iguaçu, é o único
do Brasil (entre os nove avaliados)
e da América do Sul a manter a
pontuação máxima no renomado
guia.

Aventura e diversão no Macuco Safari. (Crédito Imagem: Marcos Labanca/Divulgação Macuco Safari)

AVENTURA

Os mais corajosos podem se aventurar no Macuco Safari. Só lembre de trazer capa de chuva e capinha
protetora para câmera e celular porque o barco se aproxima muito de
algumas cachoeiras – não as gigantes, por questão de segurança. Ainda é
possível optar pelos pacotes de trilhas na floresta, cachoeirismo e rafting.

CANTO DAS AVES

O turista que visitar Foz do Iguaçu não pode deixar de conhecer o Parque
das Aves, que abriga mais de 150 espécies diferentes, muitas delas
em extinção. Com quatro viveiros de imersão, você vai conhecer as aves
da Mata Atlântica bem de perto. A beleza dos animais e o esmero em detalhe do parque impressionam. Outras experiências imperdíveis
são o tour de bastidores, em que dá para alimentar os filhotes de aves, e
o Ritual Guarani de boas-vindas em um jantar na floresta.

GIGANTE DE CONCRETO

A Usina Itaipu Binacional, a
maior hidrelétrica do mundo em
geração de energia, é mais um
atrativo da tríplice fronteira. Há
dois tipos de passeios: Itaipu Panorâmica,
que proporciona uma
visão privilegiada do vertedouro
ao topo da barragem; e Itaipu Especial,
que entra no coração da
usina e suas catedrais de concreto,
com possibilidade de observar a
atividade do rotor de uma das unidades
geradoras. O circuito ainda permite observar o complexo trabalho
na sala de comando central, onde brasileiros e paraguaios dividem
a tarefa separados apenas por uma fronteira simbólica, e conhecer as
principais áreas externas de Itaipu, com paradas em mirantes com visões
privilegiadas. Aproveite que estará pelo Complexo Turístico de Itaipu e
visite os blocos temáticos do Ecomuseu e o Polo Astronômico Casimiro
Montenegro Filho.

HOTEL CASSINO IGUAÇU

Outra interessante parada é o Senac Cataratas, instalado no antigo Hotel
Cassino Iguaçu, o primeiro hotel de grande porte construído na cidade
nos anos 1940, a pedido do então interventor do estado, Manoel
Ribas. O prédio histórico passou por uma grande reforma, mas ainda
mantém sua arquitetura no estilo colonial português. Há dez anos abriga
a unidade do Senac, onde são realizados cursos de qualificação para
trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo. No local, funciona
um Restaurante-escola, aberto ao público no horário do almoço
(de quarta a sexta-feira, das 11h30 às 14h), e oferece menu especial com
pratos da gastronomia regional e internacional.

OUTROS ATRATIVOS DA TRÍPLICE FRONTEIRA

A tríplice fronteira concentra tantos atrativos turísticos que para não me
alongar mais, vou apenas citar alguns deles: Marco das Três Fronteiras,
Complexo Dreamland, Templo Budista, a Ponte da Amizade, compras
no Paraguai, as Cataratas do lado argentino, “La Feirinha” de Puerto
Iguazu. Com tantas opções de passeios, reserve pelo menos três dias
para permanecer na cidade. E ainda não verá tudo. A rede hoteleira,
composta por mais de 160 estabelecimentos, atende a todos os gostos e
bolsos. Desde hotéis mais simples, para quem quer apenas pernoitar, a
resorts com piscinas e parques aquáticos, como o Mabu Thermas Grand
Resort, ideal para curtir o calor e o sol do extremo Oeste do estado.

ECOTURISMO

O verde das florestas divide espaço com as lavouras de soja e milho
dessa importante região agrícola. Além do Parque Nacional do Iguaçu,
que abrange 14 municípios, a Itaipu Binacional mantém reservas ambientais
e refúgios biológicos, como o Bela Vista (em Foz do Iguaçu) e
em Santa Helena, favorecendo o ecoturismo. Os refúgios foram criados
visando a preservação de plantas e animais depois da formação do Lago
de Itaipu, e hoje, além de referências em conservação é também um
destino turístico conhecido pelo contato com a natureza.
O Parque Nacional da Ilha Grande, em Guaíra, também é uma referência
de lazer e preservação. Visitar esses locais é conhecer um pedacinho
das ricas fauna e flora paranaenses.

BALNEÁRIOS DE ÁGUA DOCE

Mesmo longe do mar, o Oeste do
Paraná também tem praias. Vários
municípios possuem balneários
artificiais de água doce, formados
pelo alagamento do reservatório
de Itaipu, e são boas opções de
lazer no verão, principalmente
para quem é da região, como eu,
que não quer percorrer mais de
600km para chegar ao litoral. Essas
prainhas contam com estruturas
tais como quiosques, churrasqueiras, luz elétrica, bebedouros, sanitários,
estacionamentos e áreas para lazer e camping, disponibilizadas pelas
prefeituras ou administradas pela iniciativa privada.
Em Itaipulândia, o Itaipuland Parque Aquático é diversão garantida
para toda a família. Há opção de ingressos para day use, quanto para
hospedagem no resort.

TURISMO RURAL

E que tal vivenciar o sossego e a simplicidade da vida no campo? Céu
Azul, Medianeira, Matelândia e Cascavel são exemplos de cidades da
região onde é possível encontrar locais para realizar trilhas, pescar, cavalgar
e visitar cachoeiras e rios.
Pertinho do sítio onde passei minha infância, no Distrito de Sede Alvorada,
entre os municípios de Cascavel e Toledo, há quatro anos Michelle
Gatto Scherer e sua mãe, Marionilce Gatto, decidiram transformar a
propriedade da família no Hotel Fazenda Vale Alvorada. Inicialmente,
o local atendia exclusivamente a pequenos grupos para retiros e cursos
e há pouco mais de um ano passou a abrir seus chalés para hospedagem
do público em geral.

É um local para se desligar do movimento da cidade, curtir o luar ao
redor da fogueira, relaxar no calor da lareira ou encontrar alguns animais
ao longo de uma caminhada no meio da natureza. O espaço segue
princípios de sustentabilidade, respeitando o meio ambiente, já que
mais da metade da fazenda é constituída por uma Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN), uma das poucas da região.

O hotel fazenda tem uma programação
bastante diversificada.
Desde boia cross no Rio São Francisco,
que corta a propriedade,
com direito a banho de cachoeira
e trilha na reserva ambiental, a
pacotes para um fim de semana
relaxante, com aula de Yoga, meditação,
massagem e alimentação
desintoxicante. A proposta gastronômica
do lugar enfatiza uma alimentação
mais natural e saudável,
com alguns ingredientes tirados
da própria horta. Todos os pratos
são ovo-lacto vegetarianos, mas
também há opções para quem não dispensa a carne.

A região Oeste do Paraná receberá um complexo hoteleiro com
15.203,54 m², localizado na BR 277, Km 568, próximo à Praça de Pedágio
Eco Cataratas. O Hotel Sesc Cascavel contará com as seguintes
edificações: hotel, 10 chalés, quiosque da piscina com lanchonete e área
fitness, ginásio poliesportivo, churrasqueiras, banheiros externos, estação
de trem, estação de tratamento de água, estação de tratamento de esgoto,
estação de compostagem de lixo, garagem de máquinas e tratores,
guarita e residência do caseiro. Em sua área externa, deverá contemplar
piscinas, playground, praças, quadras abertas, trapiches, estacionamentos
e vias de acesso ao hotel na BR-277.

ENCANTOS DO OESTE

Quem viajar para a terra das Cataratas encontrará inúmeros atrativos
turísticos. Além das incríveis quedas d’água, vale a pena conhecer um
pouco da vida no interior, compreender melhor a rotina do agronegócio
paranaense e entrar em contato com a natureza e com a fértil terra
vermelha.

 

* * * * *

*Karla Santin é cascavelense e cresceu na zona rural do município. Formada em Jornalismo pela UFPR, reside há 14 anos em Curitiba.

Publicado por Silvia Bocchese de Lima

30/03/2020 às 14:22

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