01/06/2019
Antigamente não havia aposentadoria
oficial, paga pelo
poder público. Os cidadãos
não contribuíam e a única forma de
desfrutar de algum conforto quando
já não pudessem mais se dedicar ao
trabalho era a de ter guardado dinheiro
ou formado patrimônio, aquilo
que os antigos chamavam de “fazer
o pé-de-meia”. A expressão fazia
sentido, porque era comum guardar
dinheiro dentro de um pé de meia.
Todos os sistemas de previdência
que foram sendo criados no mundo
a partir do século XX calcularam os
valores seguindo algumas premissas
básicas: valor de contribuição mensal,
tempo de contribuição, vida média
dos aposentados.
No Brasil, os problemas começaram
a aparecer quando se abriu a
possibilidade de haver planos diferenciados
para classes distintas. Os
fundos de previdência de algumas
categorias do serviço público causaram
o primeiro desequilíbrio na
balança. As brechas legais levaram
milhares de brasileiros a se aposentarem
na plenitude do vigor físico e
mental, com menos de 50 anos de
idade – o que sempre causou profunda
desigualdade e um encargo bilionário
aos cofres públicos. Os processos
inflacionários, que corroeram
durante décadas o poder de compra
da população também fizeram sua
parte em diminuir o valor real da
aposentadoria. Por último, mas tão
ou mais importante, é a variável da
longevidade. Se pensarmos que por
volta de 1900 o brasileiro vivia em
média menos de 40 anos e que hoje a
idade média da população está chegando
perto dos 80 anos, vemos que
as contas não têm como fechar.
A única solução possível para o país
é fazer uma reforma que retire privilégios,
equilibre ganhos de maneira ampla e amplie o tempo de contribuição.
Os cidadãos estão trabalhando mais
porque vivem mais, é inegável.
Em um ambiente democrático,
todas as pessoas e suas respectivas
categorias têm o que reivindicar e
razões para lutar por seus anseios.
Ocorre que é preciso pensar na totalidade
dos aposentados e na qualidade
de vida que eles podem usufruir
depois de chegar à aposentadoria. Do
jeito que estamos hoje, nem a união,
nem os poderes estaduais e municipais
terão condições de garantir
o pagamento das aposentadorias e
pensões já a partir do fim da próxima
década. A situação é alarmante e se
transformará em catastrófica se a reforma
não for levada adiante.
A imensa maioria da classe empresarial,
já consciente da responsabilidade
que possuem os deputados e
senadores encarregados de analisar e
aprovar a reforma, sabe que o país não
possui recursos suficientes para honrar
os compromissos da previdência social
caso nada seja feito. E, é sempre bom
ressaltar que, no caso específico do comércio,
os aposentados e pensionistas
representam um percentual significativo
de clientes, dos quais os empresários
não podem abrir mão.
É com esse objetivo que todos
devem tratar de convencer seus parlamentares
para que cumpram o histórico
papel que lhes cabe. O déficit
da previdência representa um abismo
real, do qual nos aproximamos em alta
velocidade. Chegou o momento de todos
se unirem para fazer a reforma ser
aprovada. É fundamental e urgente, e
não se trata de mera questão política,
de ser contra ou a favor do governo.
A questão é patriótica – e não
existe alternativa.
Darci Piana
Presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR
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