NOTÍCIAS

Faculdade Senac Curitiba Centro realiza jantar sensorial

A Faculdade Senac Curitiba Centro promoveu, na última quarta-feira (15), um jantar sensorial, com a participação de convidados vendados e frequentadores do Instituto Paranaense dos Cegos (IPC). Nessa experiência, sem a percepção visual, os demais sentidos são potencializados. O cardápio surpresa foi criado pelos formandos da graduação de Tecnologia em Gastronomia, sob a supervisão da […]

20/06/2022

A Faculdade Senac Curitiba Centro promoveu, na última quarta-feira (15), um jantar sensorial, com a participação de convidados vendados e frequentadores do Instituto Paranaense dos Cegos (IPC). Nessa experiência, sem a percepção visual, os demais sentidos são potencializados. O cardápio surpresa foi criado pelos formandos da graduação de Tecnologia em Gastronomia, sob a supervisão da professora Sandy Kuchnir.  

“O jantar sensorial veio dentro da disciplina de Políticas Sociais e Ambientais. É uma disciplina totalmente teórica, mas sempre gostamos de trazer algo prático para que os alunos possam continuar treinando. Nesta disciplina falamos de acessibilidade, direitos humanos, cidadania, da Constituição Federal e nossos direitos, e surgiu a ideia de fazer algo relacionado à acessibilidade”, explicou a professora.  

A entrada, um tempurá de espinafre com tartar de atum – com a opção de tartar de abobrinha para os vegetarianos ou quem não consome peixe cru –, buscou instigar o tato, ao ser degustada com as mãos. O prato principal, composto por um sorrentino com recheio de ricota e figo e molho de queijo e amêndoas laminadas, explorou diferentes aromas e texturas. A sobremesa, brownie com sorvete de creme e calda de chocolate, trouxe o contraste de temperaturas e teve montagem bastante prática, com o sorvete, que normalmente é servido ao lado do brownie, posto em cima dele. Assim, em uma mesma colherada, era possível sentir todos os sabores.  

Experiência para os alunos 

Responsável pela praça das entradas, a aluna Fernanda Rissem comentou sobre a necessidade de um profissional estar preparado para atender a diferentes perfis de clientes, buscando tornar a refeição acessível a todos. “É uma experiência gratificante, estamos nos formando e vamos encontrar na profissão diferentes situações e por isso é importante estarmos preparados. Esse tipo de ação é algo a mais para completar nossa experiência, pois além do ato da alimentação, foi uma proposta de inclusão”, destacou.  

Sentidos aguçados 

“O linear da percepção é igual para todo mundo, mas quando você não enxerga, os demais sentidos são aguçados”, afirmou o advogado Roberto Leite, que tem deficiência visual, após degustar o jantar servido pelo Senac.   

“Esse jantar oferecido pelo Senac está maravilhoso, tanto para nós que não enxergamos, quanto para os videntes, vocês que enxergam. Deixar o prato de uma forma prática, para que possamos localizar a comida e possamos nos alimentar, é muito importante, pois só o tempo de fracionar, de cortar o alimento, é muitas vezes demorado e o cego acaba não comendo muito”, explicou Pedro Julio Gidsicki, que tem apenas 2% de visão no olho direito.  

Inclusão 

A inclusão, a mobilidade e a acessibilidade são as principais necessidades da pessoa com qualquer tipo de deficiência. “O problema não está na gente. A deficiência não está na pessoa, mas na relação da pessoa com o meio e como o meio oferece, ou não, barreiras a essas pessoas”, compartilhou Roberto Leite com os demais convidados. Segundo ele, a partir do momento em que houve a ratificação da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada por 192 países e ratificada por aproximadamente 100, incluindo o Brasil, em 2008, a deficiência deixa de ter o foco na pessoa, mas na interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a sua plena e efetiva participação na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais.  

“Nós estamos no IPC, onde temos orientações de mobilidade e informática, então nós somos iguais. Devido ao avanço da tecnologia, da informática, somos quase iguais a quem vê: nós operamos um computador, somos ativos profissionalmente, através dos aplicativos podemos ler diversos livros. A diferença que nós temos é de mobilidade, temos mais dificuldade. Mas com boa orientação podemos ir para qualquer lugar”, reiterou Pedro Julio.  

Em 2010, segundo o mais recente censo disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existiam 36,6 mil pessoas com grande dificuldade visual e 6,7 sem visão na Grande Curitiba.  

 Texto: Karla Santin

Publicado por Estagiários Jornalismo

20/06/2022 às 11:38

©2024 • Fecomércio PR. Todos os direitos reservados

Este site utiliza cookies para aprimorar sua experiência na navegação, bem como auxiliar nossa capacidade de fornecer feedback, analisar o uso do nosso site e ajudar a fornecer informações promocionais sobre nossos serviços e produtos. Para mais informações, por favor visite nossa Política de Privacidade.