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Autismo: Pela peça que falta

Informação, conscientização e políticas públicas são essenciais na causa autista.

13/05/2021

Texto: Silvia Bocchese de Lima

 

Uma em cada 54 crianças
de oito anos nos
Estados Unidos tem
Transtorno do Espectro
Autista (TEA). O número foi
atualizado em março do ano passado
pelo Centro de Controle
de Doenças e Prevenção do governo
dos EUA (CDC). Apesar
de limitado aos Estados Unidos,
o estudo serve de parâmetro
para o TEA em todo o mundo.
Em virtude de diagnósticos adequados,
a incidência de autismo
tem tido aumentos significativos
nos últimos anos: em 2004, a
estimativa era de uma para cada
166 crianças. Embora os números
sejam crescentes, há ainda
desinformação, preconceito e
necessidade de conscientização
da sociedade e de políticas públicas
adequadas.

O doutor em Educação Especial Stephen Shore, pontua em seus
livros que o autismo é considerado
um espectro pois em cada indivíduo
se manifesta de maneira
especifica e única, variando os sintomas
e a intensidade com que se
apresentam. É dele a frase “se você
conhece um autista, você conhece
apenas um autista”.

CONSCIENTIZAÇÃO

Um dos símbolos que
melhor representa a
complexidade do TEA
é o quebra-cabeças, utilizado
desde 1963 e, no Paraná,
a Superintendência
Geral de Ação Solidária
desenvolveu em 2021,
em 5 de abril, uma
ação em referência
ao Dia do Autismo
(2 de abril), com o intuito
de derrubar barreiras
e preconceitos e disseminar
informações esclarecedoras sobre
o tema. Como parte das ações,
diversos prédios da capital paranaense
foram iluminados de azul
– cor associada ao autismo por sua
prevalência ser quatro vezes maior
em meninos do que em meninas.
“Somos todos uma parte muito
importante nessa luta e a inclusão
da pessoa com autismo na sociedade
não depende somente do poder
público e sim de todos nós. A
partir do momento em que existe
um maior conhecimento das características
de uma pessoa com
autismo, tudo fica mais simples de
lidar e compreender as limitações.
Acredito que para que possamos de fato incluir o autista
na sociedade, precisamos
que todos, sejam profissionais
de saúde, educação, a
família e a população como
um todo, tenham uma
maior compreensão e
entendimento sobre
o transtorno e seus
efeitos”, afirma a primeira
dama do estado
do Paraná e presidente
do Conselho de Ação Solidária,
Luciana Saito Massa.

JONATHAN CAMPOS/AEN

LEGISLAÇÃO

Um marco no legal nos direitos dos
autistas é a Lei Berenice Piana, de
nº 12.764, sancionada no governo
de Dilma Rousseff, em 2012, que
instituiu a Política Nacional de Proteção
dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista.
Pela lei, a pessoa com TEA é considerada
com deficiência para todos
os efeitos legais e estipula que é de
responsabilidade do poder público
quanto à informação pública relativa
ao transtorno e suas implicações.
Já em 2020, no governo Jair
Bolsonaro, é assinada a Lei Romeo Mion, de nº 13.977, que instituiu a
Carteira de Identificação da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista
(Ciptea), para garantir atenção
integral, pronto atendimento e prioridade
no atendimento e no acesso
aos serviços públicos e privados, em
especial nas áreas de saúde, educação
e assistência social.

Para Luciana Saito Massa, “muitos
são os desafios enfrentados pelos
autistas e a falta de conhecimento
da sociedade alimenta ainda mais
os estereótipos criados sobre o
transtorno. Trabalhamos fortemente
nessa campanha para mostrar à
sociedade que todos temos peculiaridades
dentro de nós, e aprender
a enxergar e compreender isso faz
com que fique cada vez mais fácil
lidar com as diferenças no dia a
dia. Empatia e a compreensão são
peças-chave nessa luta. Se todos se
unirem, conseguiremos oferecer aos
autistas uma vida mais inclusiva e
com mais qualidade”, pontua.

PIONEIRISMO PARANAENSE

Localizada na Região Oeste do Paraná,
a cidade de Cascavel é pioneira
na criação de uma clínica escola para
atendimento integral de crianças de
quatro a 12 anos com TEA. A Clínica
Escola Juditha Paludo Zanuzzo foi
inaugurada em meados do ano passado,
ofertando atendimento
multidisciplinar, como médico
neurologista, enfermeiro,
técnico de enfermagem,
assistente social, nutricionista,
psicólogo e terapeuta
ocupacional às mais de 90
crianças matriculadas. “A
Clínica Escola só deu certo
porque é resultado de um
trabalho de várias mãos.
É a maturidade de uma
cidade que sabe que tudo
é importante, mas tem ciência
de que o maior patrimônio são
as pessoas e as pessoas especiais são o
suprassumo. Entendemos que os autistas
precisam de um local especial,
não apenas de um prédio, mas detalhes
como cores, iluminação, atenção
à questão do barulho. Essa escola foi
criada não para tirá-los da rede pública,
mas para inserirmos no momento
certo e com todas as condições.
Quem precisa se adaptar somos nós
ao mundo deles, não eles ao nosso
mundo”, destaca o prefeito de Cascavel,
Leonaldo Paranhos da Silva.
Paranhos conta ainda que Cascavel
tem sido referência e utilizada
como exemplo por prefeituras de
todo o Brasil para a implantação de clínicas semelhantes em cidades
dos estados de São Paulo, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina,
Minas Gerais e Amazonas.

 

Publicado por Silvia Bocchese de Lima

13/05/2021 às 15:46

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